Quando fomos recolher bolotas para a comemoração do 2º "Dia mundial da bolota" deparámo-nos com um enorme carvalho-negral derrubado. Era, sem dúvida, a maior árvore daquele local. A intempéride que se fez sentir na véspera e os muitos anos que já tinha, decidiram a sua queda. Enfim, é o ciclo "natural" da vida de uma árvore.
Ao passar por lá um destes dias notei que já estava parcialmente cortado, provavelmente, para o aproveitarem para lenha. Reparei também que o interior do seu tronco não estava podre, o que permite calcular, com alguma exactidão, a sua idade.
Velhinho carvalho-negral
Para tal, contam-se os anéis que o tronco apresenta, os quais resultam da deposição sucessiva de camadas de tecidos lenhosos no tronco. É a actividade periódica de um tecido chamado câmbio que acrescenta, ano a ano, camadas justapostas que irão estruturar o material lenhoso, formando os anéis de crescimento.
Um anel de crescimento é composto por duas camadas: uma mais clara - lenho inicial ou primaveril, e outra mais escura - lenho tardio ou secundário.
Num ano o carvalho cresceu 1 anel (lenho primaveril + lenho tardio)
O lenho inicial ou primaveril forma-se quando as condições são ideais ao crescimento da árvore, geralmente na Primavera.
O lenho tardio ou secundário forma-se em períodos de stress fisiológico, menos propício ao crescimento.
Nas nossas latitudes (clima temperado) existem claramente períodos específicos de Verão e Inverno, ou de chuvas e secas.
Nesta imagem distingue-se bem o lenho primaveril (com os vasos de maior calibre) do lenho tardio (com os vasos de menor calibre). Observam-se dois anéis de crescimento, correspondentes a dois anos, sendo cada anel constituído pelos dois tipos de lenho.
Consequentemente, o crescimento das árvores está repartido por períodos onde, comparativamente, a árvore cresce mais e períodos onde o crescimento é mínimo e em muitos casos é nulo.
Essa diferença de crescimento, entre os tecidos do lenho inicial e lenho tardio representados nas camadas justapostas, produz nitidamente áreas concêntricas - os anéis de crescimento.
No entanto, este método não é totalmente exacto. Podem formar-se falsos anéis, produzidos em consequência de sucessivos períodos curtos de seca e chuvas, ataque de insectos, doenças, geadas e outros factores, resultando em mais de um ciclo de crescimento durante o período de um ano.
O método utilizado foi o mais simples possível - contar, à vista desarmada, os anéis. No entanto, a utilização de lentes, corantes, luz, álcool, gasolina, raios ultra-violetas, polimento da superfície, queimadura ligeira da superfície aumenta a exactidão da contagem em árvores derrubadas.
Também se pode determinar a idade de uma árvore viva, com elevada exactidão, utilizando-se um
trado de Pressler - semelhante a uma broca oca que permite perfurar a árvore e obter um pequeno cilindro do seu interior onde se contam os anéis.
Para saber mais: http://br.monografias.com/trabalhos-pdf/idade-crescimento-arvoresis/idade-crescimento-arvoresis.pdf