Apesar da vastidão do nosso planeta, apenas parte é habitável. Necessitamos de terra firme e de temperaturas não demasiadamente extremas para podermos estabelecer populações em larga escala. Sendo o Homem o único animal que consegue viver em todos os biomas, apenas em alguns locais se edificaram verdadeiras civilizações e ocorreu um profundo aumento populacional. Curiosamente (ou não), quase todas emergiram em áreas semelhantes, desenvolvendo-se onde haviam bosques e florestas.
Observando a distribuição atual da população humana, as grandes concentrações ocorrem na Índia e sudeste asiático, nas zonas tropicais da África e América, na Europa e restante região mediterrânea e em algumas regiões do continente norte-americano. Quando cruzamos estes dados com um qualquer mapa dos principais biomas, a distribuição parece tirada a “papel-químico” com a das florestas tropicais, das florestas de caducifólias e do bosque mediterrâneo. Onde há árvores, ou melhor, onde havia, e temperaturas não demasiadamente baixas, é onde se encontram os grandes aglomerados humanos.
Para compreendermos melhor esta relação, talvez seja necessário pensarmos naquilo que uma população humana precisa para sobreviver e se expandir: água, alimento, abrigo, combustível, medicamentos e algumas matérias-primas. Tudo isto pode ser retirado das árvores? A resposta é sim! Mas a floresta proporciona-nos muito mais recursos que aqueles que se obtêm diretamente das árvores. Elas são o suporte da biodiversidade. Delas dependem muitos animais, plantas, fungos, protistas e bactérias que o homem utiliza diariamente. São também as florestas que proporcionaram muito do atual solo agrícola e permitem uma maior fiabilidade e previsibilidade dos ciclos hidrológicos, fundamentais para o estabelecimento e crescimento de qualquer comunidade. Em suma, foi nestes bosques e florestas que o Homem encontrou os recursos necessários à sua sobrevivência. O reverso da medalha foi a drástica redução e fragmentação destes biomas. (Continua...)
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