sábado, 26 de outubro de 2013

Caminhada do Dia Mundial da Bolota na Covilhã

Após 4 anos a distribuir bolotas a alunos, funcionários e professores da nossa escola, o Dia Mundial da Bolota será comemorado de um modo diferente na cidade da Covilhã.



O grande incêndio deste verão na encosta Este da Serra da Estrela  destruiu grande parte da floresta aí existente.

A Escola Secundária Quinta das Palmeiras e a Câmara Municipal da Covilhã associaram-se no sentido de organizar e promover uma atividade de sementeira de bolotas, contribuindo, deste modo, para a recuperação da floresta autóctone em redor da cidade, em que todos poderão participar.

No dia 10 de Novembro, haverá uma caminhada aberta a toda a população (gratuita e sem obrigatoriedade de inscrição prévia*), e uma atividade de orientação para alunos desta escola**.

*Apesar de não haver obrigatoriedade de inscrição, agradecemos que nos comuniquem antecipadamente a vossa participação de modo a podermos prever o número total de participantes. Esta comunicação poderá ser feita por e-mail, para bologta@mail.com, ou telefonicamente para o número 275320580 (E. S. Quinta das Palmeiras)

**Aos alunos da escola será distribuido um "flyer" com informações da atividade. No verso encontra-se a autorização que deverá ser assinada pelo encarregado de educação e entregue ao professor de Ciências Naturasi/Biologia ou ao professor de Educação Física.

Percurso da caminhada

Aspetos organizativos da caminhada e atividade de orientação:
  • Concentração dos participantes:  8h30min., junto ao estádio de futebol Santos Pinto.
  • Início das atividades: 9h00min.
  • Final das atividades (previsão): 12h30min.
  • Tipo de percurso: circular, realizado em estradas e caminhos florestais.
  • Distância e grau de dificuldade: cerca de 7km;dificuldade fácil/média.
  • Material recomendado: roupa e calçado adequado ao percurso e às condições meteorológicas; pequena pá de jardim ou instrumento equivalente para realizar a sementeira; lanche (se necessário). 

Para saber mais... estejam atentos às novidades neste blog e em www.quintadaspalmeiras.pt

Flyer a distribuir aos alunos

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

O manifesto da bolota (III) - a regressão dos carvalhais

Atualmente, a destruição das florestas tropicais encontra-se a um ritmo avassalador, com consequências dramáticas sobejamente conhecidas. Por estranho que nos possa parecer, fenómeno semelhante ocorreu na Europa central e do sul, e ao longo da parte meridional da América do Norte. As civilizações ocidentais, onde se encontram os países mais ricos e desenvolvidos, edificaram-se em zonas outrora ocupadas por florestas em que a maioria das espécies se reproduzia a partir da germinação de uma semente muito particular, a bolota. Estes carvalhais, quer fossem de folha caduca ou persistente, atingissem porte arbóreo acentuado ou não ultrapassassem o tamanho de um arbusto, dominavam a maioria destas regiões. E hoje, o que sobrou desses ecossistemas? Apesar da velocidade da regressão destes biomas não ser comparável ao ritmo da desflorestação observada nos trópicos, a redução total de área dos bosques e florestas das regiões temperadas é muito, mas mesmo muito superior ao ponto de que os poucos carvalhais existentes não serem ecossistemas naturais, pois de alguma forma já sofreram intervenção do Homem.


A interferência humana nos carvalhais primitivos já ocorreu, e este facto é irreversível. Mas não se pense que a ocupação antrópica é necessariamente um fator negativo para os ecossistemas. Os montados, onde o sobreiro e a azinheira dominam, são um dos melhores exemplos em que árvores, sustentabilidade ambiental e atividades humanas se conjugam quase na perfeição. No entanto, a inexistência de carvalhais naturais não deixa de ser revelador da extensão da intervenção humana. Do mesmo modo, também só o Homem poderá inverter, ou pelo menos, compensar parcialmente o seu impacto na natureza e permitir que os carvalhais autóctones recuperem um pouco da sua extensão original. Os benefícios diretos no ambiente, tais como o aumento da biodiversidade, melhores recursos hídricos, a recuperação dos solos, a diminuição do aquecimento global, da poluição atmosférica e do risco de incêndio são algumas consequências diretas extremamente benéficas para nós. Basta apenas que cresçam mais carvalhos.

Todos os carvalhos se desenvolvem a partir de uma bolota. É da germinação de muitas destas sementes que se formam os carvalhais. Se queremos participar na conservação da natureza, necessitamos de recuperá-los. Basta para isso semearmos bolotas. Simples, não é? Bastaria apenas um dia por ano em que recolhêssemos e semeássemos bolotas de espécies autóctones, diretamente no campo, ou as levássemos para casa e as colocássemos em vasos. No ano seguinte teríamos carvalhos para plantar.


Os diferentes biomas que constituem a biosfera encontram-se interligados e interdependentes. A melhoria num dos seus componentes tem efeitos positivos e multiplicativos em todos os outros. O inverso também acontece. Apesar da grande capacidade regenerativa da natureza, os equilíbrios naturais globais encontram-se interligados, de um modo que a ciência ainda não conseguiu desvendar a sua total complexidade. Os carvalhos não existem em todos os continentes. Apenas no hemisfério norte, essencialmente em regiões temperadas e mediterrâneas, é que ocorrem naturalmente as plantas do género Quercus sp. Contudo, uma parte significativa da população mundial vive nestes locais. Para muitos, é aí que nós vivemos, e é aí que a nossa ação pode ser decisiva e é aí que podemos fazer algo para nós, por nós e pelos nossos, os de hoje e os de amanhã. E quase que basta apenas um dia. Um dia em que a nossa insignificante ação local, na força que a união faz, seja um dia verdadeiramente mundial. Esse dia pode ser qualquer um… mas também pode ter data marcada. Vamos fazer do dia 10 de novembro um dia de contributo para o nosso mundo. Vamos transformá-lo no Dia Mundial da Bolota.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

O manifesto da bolota (II) - o estabelecimento de civilizações

Apesar da vastidão do nosso planeta, apenas parte é habitável. Necessitamos de terra firme e de temperaturas não demasiadamente extremas para podermos estabelecer populações em larga escala. Sendo o Homem o único animal que consegue viver em todos os biomas, apenas em alguns locais se edificaram verdadeiras civilizações e ocorreu um profundo aumento populacional. Curiosamente (ou não), quase todas emergiram em áreas semelhantes, desenvolvendo-se onde haviam bosques e florestas.


Observando a distribuição atual da população humana, as grandes concentrações ocorrem na Índia e sudeste asiático, nas zonas tropicais da África e América, na Europa e restante região mediterrânea e em algumas regiões do continente norte-americano. Quando cruzamos estes dados com um qualquer mapa dos principais biomas, a distribuição parece tirada a “papel-químico” com a das florestas tropicais, das florestas de caducifólias e do bosque mediterrâneo. Onde há árvores, ou melhor, onde havia, e temperaturas não demasiadamente baixas, é onde se encontram os grandes aglomerados humanos.

Para compreendermos melhor esta relação, talvez seja necessário pensarmos naquilo que uma população humana precisa para sobreviver e se expandir: água, alimento, abrigo, combustível, medicamentos e algumas matérias-primas. Tudo isto pode ser retirado das árvores? A resposta é sim! Mas a floresta proporciona-nos muito mais recursos que aqueles que se obtêm diretamente das árvores. Elas são o suporte da biodiversidade. Delas dependem muitos animais, plantas, fungos, protistas e bactérias que o homem utiliza diariamente. São também as florestas que proporcionaram muito do atual solo agrícola e permitem uma maior fiabilidade e previsibilidade dos ciclos hidrológicos, fundamentais para o estabelecimento e crescimento de qualquer comunidade. Em suma, foi nestes bosques e florestas que o Homem encontrou os recursos necessários à sua sobrevivência. O reverso da medalha foi a drástica redução e fragmentação destes biomas. (Continua...)

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O manifesto da bolota (I) - a dependência de recursos naturais

E se por alguma razão, após a expansão marítima dos povos europeus nos séculos XIV e XV, a população mundial tivesse sofrido um aumento exponencial? Certamente que a utilização de recursos naturais durante esse período teria sido muito mais intensa. E se na época renascentista as civilizações ocidentais tivessem as tecnologias de hoje? Provavelmente teriam utilizado em larga escala os jazigos minerais e petrolíferos, e teriam consumido muitos mais recursos hídricos e biológicos de modo a suportar uma população em rápido crescimento. E sendo seres humanos como nós, talvez apenas quando a escassez desses recursos se repercutisse na população, sobretudo nas classes mais influentes e com maior capacidade económica, começassem a tomar sérias medidas de gestão e conservação. Mas, talvez já fosse tarde de mais. Felizmente, e porque não ocorreu nenhum aumento populacional significativo como o que se observa hoje, não foi exatamente isso que sucedeu.


Mas, e se tivesse acontecido? Que recursos teriam sobrado? Todas as civilizações edificaram-se e desenvolveram-se com recursos naturais. Sem eles, as civilizações regridem, desaparecem, guerreiam-se entre si para se apoderarem do pouco que ainda está disponível. O que teria chegado até hoje? Será que no século XXI existiria alguma verdadeira civilização? Seres humanos haveria certamente, mas as civilizações só se constroem com recursos naturais. Se os nossos antepassados tivessem esgotados as matérias-primas e ecossistemas de que agora dependemos, o que teria sobrado para nós? Certamente muito pouco, assim como muito pouco haveria da nossa civilização e do nosso modo de vida atual. E não tenhamos a ilusão de que alguma tecnologia nos valeria. Todas as tecnologias que dispomos só são possíveis pois usamos recursos naturais para as construir e por a funcionar. E como será daqui alguns séculos? Como serão as civilizações? Que recursos lhes vamos deixar? E quais lhes queremos deixar? Como seremos lembrados pela História? A civilização do salto tecnológico ou a responsável pelo declínio civilizacional? Também só haverá História se houver civilização. Uma coisa é certa, um futuro com milhares de milhões de seres humanos, tal como hoje acontece, só ocorrerá se lhes deixarmos recursos, ou então a Terra transformar-se-á numa espécie de Ilha da Páscoa a girar em torno do Sol, e nós as suas gigantes cabeças!

O ser humano sempre necessitou dos recursos naturais para a sua sobrevivência. Ainda hoje, a nossa dependência é total. A água e o oxigénio, os alimentos e medicamentos, as fontes de energia e as matérias-primas que possibilitam o nosso estilo de vida moderno provêm todos eles, sem exceção, da natureza. E assim foi ao longo de toda a nossa história. (Continua...)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

O Manual da Bolota - 2013

Já está disponível o “Manual da bolota 2013”.

A edição deste ano surge com ligeiras modificações. As alterações relativamente à primeira edição (2011) encontram-se com uma cor diferente de modo a facilitar a consulta. A presente edição inicia-se com o "manifesto da bolota", o qual será publicado neste blog, em vários posts.



O e-mail e este blog permitiram algum feedback com as escolas aderentes no ano transato e com pessoas que a nível individual também se dedicaram à germinação e propagação de bolotas, e que contribuíram para as alterações efetuadas.

Obrigado a todos!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Vem aí o 5º Dia Mundial da Bolota

Dia Mundial da Bolota surgiu na ES Quinta das Palmeiras (Covilhã) em 2009 e tem como principal objectivo a união de esforços com vista à recuperação da nossa floresta autóctone.

A participação é muito simples. Basta que se proceda previamente à recolha de bolotas de carvalhos autóctones e no dia 10 de novembro se realize(em) a(s) seguintes(s) actividade(s):

- semear as bolotas no campo ou num jardim a partir das quais se desenvolverão os carvalhos;
- semear as bolotas em vasos para no ano seguinte obter pequenos carvalhos para plantar;
- distribuir pacotinhos de papel com bolotas a elementos de uma organização (escolas*, escuteiros, etc.) para que possam semear as bolotas em vasos de modo a  obter pequenos carvalhos para plantar no ano seguinte;
- outro tipo de atividades que os participantes julguem ser adequadas.

Para aderirem a esta iniciativa, contactem-nos pelo seguinte e-mail: bologta@gmail.com 


A inscrição no Dia Mundial Bolota é informal. Tem apenas como finalidade o envio de algum material, via internet, aos aderentes. Solicitamos apenas a indicação dos seguintes dados no e-mail:
- Nome da escola/instituição aderente/participante individual;
- Localidade;
- Nome do responsável/ dinamizador e cargo na instituição (ex: professor de Ciências Naturais);
- Público-alvo (ex. para instituições: alunos 8º ano; toda a escola); (ex. para participantes individuais: com a família; com amigos).

Seguidamente enviaremos por e-mail o manual da bolota 2013 (pdf) e um ficheiro editável para a elaboração de pacotinhos para as bolotas, entre outros materiais.

Utilizem também este e-mail para fazerem sugestões de atividades que possam enriquecer esta data, ou através de comentários nos posts.
Para informações mais detalhadas, sigam-nos neste blog. 

 * Este ano o dia 10 de novembro é um domingo. As escolas poderão assinalar esta data na sexta-feira anterior ou na segunda-feira seguinte, ou em outra data mais adequada às suas actividades letivas.


terça-feira, 1 de outubro de 2013

A rega dos pequenos carvalhos em plantações

Este ano comemorámos os 25 anos da nossa escola. Uma das atividades foi a plantação de 25 carvalhos nos nossos espaços exteriores (http://bologta.blogspot.pt/2013/01/25-anos-25-carvalhos.html).

Apesar de já termos efetuado várias plantações na Serra da Estrela, e acompanhado o crescimento e desenvolvimento das pequenas árvores, a plantação na escola permitiu-nos um acompanhamento mais próximo e a realização de algumas experiências com diferentes tipos de rega.

O período estival é o mais complicado para qualquer árvore, especialmente quando jovem. A temperatura elevada, o elevado número de horas de luz natural (fotoperíodo), a intensidade luminosa acentuada e a ausência de precipitação sujeitam-nas a um grande stress hídrico.

Rega com garrafão - durante a plantação assegurou-se que a árvore ficava ligeiramente mais baixa que o solo envolvente de modo a que durante a rega, ou quando chove, se acumule alguma água e que o próprio líquido crie pressão e se possa infiltrar para uma profundidade maior, onde se encontram as raízes do carvalho

De modo a assegurar alguma sombra, deixámos crescer as ervas em redor das pequenas árvores. Como a raiz dos carvalhos é muito profunda, ao contrário do que acontece com a maioria das ervas, não houve competição por água.

A rega foi feita com baldes e garrafões. A pressão criada pelo peso do próprio líquido permite que a coluna de água atingisse grande profundidade, local onde se encontram as raízes. Durante a plantação, fez-se uma pequena depressão no local onde se colocou a árvore, o que serviu de coletor natural da água.

As ervas em redor do pequeno carvalho permitiram alguma sombra durante o verão. Durante a plantação foram colocadas estacas em redor da árvore de modo a permitir a sua localização e evitar o pisoteio, quer por pessoas, quer por animais.

A instalação de um sistema de rega “gota-a-gota”  não nos pareceu muito indicado. Devido à profundidade alcançada pela raiz dos carvalhos, as pequenas gotas dificilmente formam uma coluna de água que atinja grande profundidade, perdendo-se água por evaporação e para outras plantas de raízes mais superficiais.

As regas foram realizadas de manhã, altura em que o solo ainda se encontrava fresco.