terça-feira, 31 de maio de 2011

Quercus canariensis - um carvalho diferente no nosso bolotário

O carvalho-de-monchique (Quercus canariensis) é uma espécie de carvalho portuguesa. No entanto, é desconhecida da maioria de nós pois a sua distribuição no nosso país restringe-se à Serra de Monchique (Algarve).
Se nunca visitaram esta serra não deixem de o fazer numa próxima deslocação ao Algarve. Para além das praias, esta região de Portugal apresenta características geomorfológicas e ecológicas, marcadamente de carácter mediterrâneo, de enorme valor. Pena é que seja apenas famosa pelas suas praias - que, diga-se, são excelentes - mas muito mais há para desfrutar.

Exemplar de carvalho-de-monchique no nosso bolotário

Um pouco por esta serra podemos encontrar esta espécie. Na estrada entre Monchique e Alferce existe um exemplar de grandes dimensões que é considerada "Árvore classificada". Junto a ela existe um local onde os carros estacionam.
Mesmo encostado ao alcatrão, contrariando todas as probabilidades, estava um pequeno carvalhito recentemente germinado. Qualquer carro que ali estacionasse, qualquer peão que por lá passasse ou a próxima limpeza da berma da estrada teria como resultado a morte desta pequena árvore. Por isso mesmo retirámo-la desse local e adicionámo-la ao nosso bolotário.

Grande Quercus canariensis -  árvore classificada - que pode ser observada entre Monchique e Alferce

Mas queremos deixar aqui um alerta: em circunstâncias normais nunca se deve retirar este tipo de árvore do seu habitat natural (um "parque de estacionamento" não é o habitat que assegure a sobrevivência de uma árvore);
Também tem que se ter cuidado na introdução de uma espécie num local onde ela não existe naturalmente pois poderá ocupar o lugar das espécies autóctones (as geadas da Covilhã não deverão permitir o desnvolvimento de descendência desta árvore e ela não será colocada fora do recinto da escola onde, aliás, existem várias espécies introduzidas como, por exemplo, as palmeiras que até dão o nome à nossa escola).

sábado, 28 de maio de 2011

Um bolotário de sucesso

Em Novembro de 2010 construímos o nosso bolotário - o infantário da bolotas.
Das sementes recolhidas para serem distribuídas no 2º Dia Mundial da Bolota, reservámos algumas de modo a que também tivessemos pequenos carvalhos para plantar no ano seguinte.

 Aspecto geral do bolotário

Em cada bolotão - garrafas de plástico que, no Inverno, funcionaram como mini-estufas para proteger melhor as sementes - colocámos 2 a 4 bolotas (ver posts de 15 e 24 de Novembro de 2010 e 2 de Março de 2011).
Com o bom tempo retirámos a parte do recipiente que servia de tecto à mini-estufa, transformando-a num vaso (agora já não existem geadas e com o sol podem aquecer em excesso).
E tem dado excelentes resultados! Já germinaram cerca de 50 bolotas! Ainda nesta semana, cerca de 7 meses após a recolha das mesmas, mais dois pequenos carvalhitos despontaram.

Já temos cerca de 50 carvalhitos ao sol no nosso bolotário

Mas ainda existem algumas bolotas que não germinaram... aguardemos (e continuemos a regar).

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Porque é que alguns carvalhos não crescem?

Dos carvalhos que plantei em Janeiro, mais de metade deles não cresciam. Perguntei-me porque razão é que alguns já tinham mais de 5 cm e outros...nem sinal deles!?Obtive essa resposta á bem pouco tempo e de uma maneira muito simples. Há uma semana atrás, começou a chover e a trovejar de uma maneira muito violenta e eu não sabia que tinha alguns vasos com bolotas ao relento. No dia seguinte, a chuva tinha-me levado mais de metade da terra do vaso e no lugar da terra, apareceram 4 carvalhinhos!

Cheguei á conclusão que tinha semeado as minhas bolotas a uma profundidade muito superior á que deviam estar...por isso...se as vossas também ainda não cresceram, revolvam a terra sem as danificar e coloquem-nas mais á superfície!!

terça-feira, 24 de maio de 2011

Quais os carvalhos que podemos encontrar em Portugal?

Nos matagais, bosque e florestas de Portugal continental podemos encontrar 8 espécies de carvalhos autóctones e 1 introduzida.
Destas espécies, apenas 3 apresentam folhagem todo o ano (persistente), sendo as restantes de folha caduca e/ou marcescente.

Carvalhos autóctones de folha persistente:

Quercus suber (sobreiro)
Quercus ilex subsp. ballota (azinheira)
Quercus coccifera (carrasco)


Quercus coccifera na Serra de Sicó (Pombal)

Carvalhos autóctones de folha caduca e/ou marcescente:

Quercus pyrenaica (carvalho-negral)
Quercus robur (carvalho-alvarinho)
Quercus faginea (carvalho-cerquinho)
Quercus lusitanica (carvalhiça)
Quercus canariensis (carvalho-de-monchique)

Quercus canariensis na Serra de Monchique (Monchique)

Carvalhos alóctones (introduzidos/exóticos):

Quercus rubra (carvalho-americano)

Quercus rubra introduzido na Serra da Estrela (Covilhã)

quarta-feira, 18 de maio de 2011

Alguns cuidados a ter na identificação de seres vivos

Os seres vivos de uma mesma espécie não são todos iguais. O património genético de cada um, assim como as condições do meio onde se desenvolve, possibilita o surgimento de diferentes fenótipos.

Um dos órgãos mais utilizados na identificação de árvores são as folhas. As folhas de carvalho-negral variam entre os 8 a 16cm de comprimento por 4 a 12cm de largura. Excepcionalmente, poderão variar entre os 5 a 22cm de comprimento por 3,5 a 14cm de largura.

Ainda assim alguns carvalhos teimam em dasafiar as "normas".

 Este carvalho-negral que encontrei na Serra da Gardunha exibia umas folhas excepcionalmente grandes. O limbo da folha ultrapassava os 20cm,  mas o mais espantoso era a sua largura, quase 20cm, muito acima do descrito para a espécie.
A razão deste "post" é a seguinte: na identificação de um ser vivo não se deve utilizar uma única característica, pois existem variações individuais, geradas por variações genéticas e/ou ambientais, que poderão originar identificações erradas.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Uma espécie única e com um nome estranho: Asphodelus bento-rainhae

A espécie Asphodelus bento-rainhae é uma planta que existe apenas na Serra da Gardunha (Fundão).
Não nos estamos a referir à sua distribuição em Portugal, mas antes à sua distribuição mundial. Não existe mais nenhum local do mundo onde esta planta possa ser encontrada.

A abrótea (abrótega, gamão ou bengala de S.José) distribui-se dos 530 aos 810 metros de altitude nas encostas com exposição a Norte e Noroeste desta serra.
Tem como habitat natural o sub-bosque de carvalhais (de carvalho-negral e/ou de carvalho-alvarinho) ou castinçais (de castanheiros), preferencialmente de cobertura pouco densa, atingindo frequentemente a orla herbácea destes bosques.
A época de floração desta planta da família das Liliáceas decorre de Abril a Maio.
Devido à diminuição do seu habitat e à reduzidíssima área de distribuição, o seu estatuto de conservação é considerado Em Perigo Crítico de Extinção

Distribuição de Asphodelus bento-rainhae (Adesgar, 2000)

É mais um exemplo da riquíssima biodiversidade associada aos carvalhais.
Protejamo-los!

sábado, 7 de maio de 2011

Como são os grãos de pólen dos carvalhos?

As plantas que “investem” em flores bonitas utilizam muitos dos seus recursos nutritivos e energéticos na sua produção de modo a atrairem os polinizadores. Em compensação, necessitam de produzir menores quantidades de pólen pois os insectos são bastante eficientes no seu transporte de planta para planta.

Grãos de pólen de carvalho-alvarinho (sciencephoto.com)

Grão de pólen de Quercus sp. (texasbeyondhistory.net)

As plantas - como os carvalhos - que não “investem” na produção de flores atraentes não são tão eficientes na polinização. Em compensação, produzem grandes quantidades de grãos de pólen, de pequeníssimas dimensões, que são facilmente transportados pelo vento.