quarta-feira, 24 de abril de 2013

Onde deverei plantar carvalhos com vista à recuperação ambiental?

As plantações com vista à recuperação ambiental deverão ser efetuadas em locais com as seguintes características:

- Pertencerem à área de distribuição natural da espécie;

- Apresentarem as condições ambientais (solo e clima, entre outras) nas quais a espécie se desenvolva. Quando encontrar exemplares dessa espécie observe as condições do meio. Tente depois encontrar essa mesmas condições noutro local;

- Não serem locais muito perturbados ou sujeitos a grande perturbações. Zonas que são frequentemente desmatadas e/ou sujeitas a intenso pastoreio ou agricultura não são indicadas;

- Não deverão existir muitos exemplares da espécie a plantar. Se isso acontecer, a regeneração ocorre naturalmente, não necessitando de repovoamento;
Os "plantadores" da Escola Secundária Quinta das Palmeiras - fevereiro de 2013

Tenham sempre presente que os melhores defensores (ou destruidores) das árvores são os proprietários dos terrenos. Contactem-os antes de procederem a uma plantação.

Aconselhamos que as plantações sejam efetuadas em terrenos públicos. Para tal deverão contactar uma Junta de Freguesia, uma Câmara Municipal ou outra instituição com intervenção na área ambiental (Parque Natural, Quercus, entre outros).

Os habitats de montanha são excelentes escolhas para a rearborização com espécies autóctones.
Encontram-se, frequentemente, desflorestadas; ocorre menor atividade agrícola; apresentam maior disponibilidade de água ao longo do ano.

Temos recebido relatos de que, por vezes, algumas destas instituições colocam entraves à plantação de árvores ou, pelo menos, tornam este processo tão burocrático que pode levar a alguma desmotivação. Mas a grande maioria presta um grande auxílio a estas iniciativas.

Também podem optar por contactar os organizadores do movimento "Plantar Portugal" (http://www.plantarportugal.org/) da sua área ou procurar on-line outras pessoas ou organizações que colaborem na recuperação ambiental.

Já agora, enviem os contactos dessas organizações para o nosso e-mail (bologta@gmail.com) de modo a podermos disponibilizar essa informação.

Boas plantações

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Ainda não plantei os meus carvalhitos. O que fazer com eles?

Este inverno chuvoso não foi muito convidativo para a realização de atividades ao ar livre, tais como a plantação dos carvalhitos que germinaram das bolotas distribuídas no Dia Mundial da Bolota.

Muitos participantes neste evento têm agora várias pequenas árvores em casa que ainda não foram plantados. O que fazer com elas?

Estes dois carvalhitos (e muitos outros) só serão plantados no próximo outono

Apesar de já estarmos em abril, ainda podem ser plantados em locais onde o solo esteja com um elevado conteúdo em água e que mantenha um nível de hidratação suficientemente elevado durante o verão (consulte o post  "Como plantar uma árvore" http://bologta.blogspot.pt/2013/01/como-plantar-uma-arvore.html).

Alguns carvalhos, tais como o carvalho-negral (Quercus pyrenaica) e o carvalho-alvarinho (Quercus robur) desenvolvem-se bem nas proximidades de cursos de água.

Dois carvalhitos com a mesma idade mas com tamanhos diferentes.
Um recipiente maior permite um melhor crescimento.

Outra possibilidade, mais aconselhável, é a sua manutenção em vasos durante o verão. A mudança para um recipiente maior permite um maior desenvolvimento do sistema radicular e, consequentemente, da parte aérea. É necessário, no entanto, prestar atenção a alguns pormenores:

- a rega deve ser regular e não deve realizar-se na altura mais quente do dia;

- durante a primavera os carvalhitos devem apanhar sol direto; no verão deverão ficar mais resguardados, sob uma sombra;

- se permanecerem no interior de uma habitação esse local não deverá ser muito quente - há a tendência para se pensar que ao estar abrigado da luz está protegido do calor... mas locais com sombra podem estar bem mais quentes do que os expostos diretamente ao sol;

- os vasos, especialmente recipientes transparentes, facilmente sobreaquecem com a exposição excessiva ao sol, destruindo-se as raízes mesmo com elevada disponibilidade de água no solo;

- se possível, transplantar os carvalhos para vasos maiores, tendo o cuidado de perturbar pouco a raiz, regando abundantemente antes e depois do processo.

terça-feira, 16 de abril de 2013

As primeiras folhas nesta primavera

O desenvolvimento das primeiras folhas dos carvalhos é um acontecimento sempre marcante. Independentemente do calendário astronómico, são as modificações nos seres vivos - e consequentemente na paisagem - que nos mostram o início da primavera.

Um carvalho-negral em plena renovação foliar (já agora, conseguem encontrar o cuco?)

Apesar de ser sempre do mesmo modo, os carvalhos-negrais (Quercus pyrenaica) são especialmente capazes de nos surpreender nesta mudança de estação. A intensidade da cor de algumas folhas e sua densidade tomentosa perder-se-à com o avanço da primavera. Mas agora é a altura de desfrutar... ou então esperar pelo próximo ano.

As folhas jovens são rosadas e muito tomentosas em ambas as páginas

Para os botânicos, esta época é fundamental. A floração de muitas plantas e várias características morfológicas são observáveis apenas nesta estação. Aproveitem-na!

Folhas jovens, raminhos, gemas e, brevemente, as flores - caractrísticas a observar na primavera

terça-feira, 9 de abril de 2013

Quanto pode pesar o aquénio de uma bolota?

As maiores bolotas dos carvalhos autóctones portugueses são de carvalho-negral (Quercus pyrenaica). As dimensões médias dos aquénios (o aquénio corresponde à bolota sem a cúpula) variam entre os 15 a 45 mm de comprimento por 10 a 25 mm de largura. Um aquénio "jeitoso" de carvalho-negral pesa cerca de 10g, mas a maioria apresenta um peso inferior. A maioria das espécies nacionais apresentam dimensões menores.

A variedade intraespecífica e as condições edafo-climáticas de um local influenciam, dentro de certos limites, as dimensões de uma semente.

Esta bolota foi recolhida de um carvalho-negral na freguesia do Ferro, concelho da Covilhã, durante o mês de novembro As restantes bolotas eram também de grande dimensões (cerca de 15g cada aquénio), mas esta era realmente gigante - 20,41g. Para nós, um verdadeiro record!


Esta bolota já foi semeada. Estamos agora um pouco na espectaitva... como será o carvalho que resultará da sua germinação? Desenvolver-se-à melhor do que os outros? Aguardemos...

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Arkive publica fotografias de Bologta

Conhecem Arkive (http://www.arkive.org/)? Esta organização sem fins lucrativos e de acesso livre, pretende ser um arquivo fotográfico e videofónico com informação científica sobre todas as espécies de seres vivos, tendo uma especial preocupação com espécies ameaçadas e/ou endemismos de distribuição restrita.

Em 2011 publicámos neste blog um post sobre um endemismo da Serra da Gardunha (Fundão) - a abrótea (Asphodelus bento-rainhae) - que partilha o seu restrito habitat com o carvalho-negral (Quercus pyrenaica), carvalho-alvarinho (Quercus robur) e castanheiro (Castanea sativa):




Em meados de 2012 fomos contactados por esta organização de modo a publicarem no seu site as nossas fotografias desta espécie, respeitando os direitos de autor. E lá estão elas em:


Arkive - um site a conhecer e explorar

segunda-feira, 1 de abril de 2013

O ciclo do sobreiro - Quercus suber

O sobreiro (Quercus suber) é oficialmente, desde o dia 22 de dezembro de 2011, a árvore nacional de Portugal.

As qualidades ambientais, económicas e sociais desta espécie são impressionantes... o montado é um sistema agro-silvo-pastoril que assegura elevados índices de biodiversidade, situação cada vez menos frequente nos sistemas agrícolas, pecuários ou florestais modernos.

O valor económico e social desta espécie é igualmente relevante. Ao contrário de outros tipos de produção florestal, em que a presença do Homem quase que só se nota na altura do abate, o montado permite o desenvolvimento de atividades económicas que criam riqueza e emprego direto (pequária, extração de cortiça) e indireto (comercialização de animais para consumo e transformação da cortiça) nas zonas onde existem montados de sobro.

A polivalência da cortiça é mundialmente famosa pela sua utilização em rolhas, como isolante acústico e térmico e mais recentemente em vestuário e acessórios, sendo um produto totalmente natural e biodegradável.


Deixamos aqui uma ilustração infográfica sobre o ciclo do sobreiro.
O original encontra-se em http://www.ciencia20.up.pt/attachments/article/531/RECinfo.pdf