quinta-feira, 22 de setembro de 2011

"O Manual da Bolota 2011" - A sementeira das bolotas

Tipo de solo
Observe o tipo de solo em que os carvalhos de onde recolheu as bolotas vivem. A menos que note sinais de subdesenvolvimento, esse tipo de substrato será indicado.
Os nossos carvalhos autóctones são, de um modo geral, pouco exigentes relativamente à constituição do solo. Com excepção do sobreiro, carvalho-alvarinho, carvalho-negral e carvalho-de-monchique que não toleram terrenos calcários, mesmo em solos esqueléticos algumas espécies sobrevivem.
Para a sementeira em vaso/viveiro não é necessário comprar terra de jardim. Desde que o solo não seja muito compacto e argiloso (neste caso poderá misturá-lo com alguma matéria orgânica) ou demasiado pedregoso e que não retenha água, quase todos os tipos se adequam. Claro que quanto melhor for o substrato maior será o sucesso da germinação e do desenvolvimento das jovens árvores, mas não se esqueça que existem muitos outros factores. O teor de humidade no interior da semente é absolutamente essencial – um bom solo sem pequenas regas frequentes será uma desilusão.

Profundidade de sementeira
As bolotas devem ser semeadas horizontalmente, sem a cúpula, a uma profundidade 1 a 2 vezes o seu comprimento, consoante o local onde se efectua.


Modalidades de sementeira
Recomendamos sempre a sementeira no Outono. Para semear na Primavera é necessário acondicionar adequadamente as sementes, o que no caso das bolotas nem sempre é fácil.
Sugerimos quatro modalidades: recolha e sementeira imediata; selecção para semear no campo; selecção para semear em viveiro; e selecção para semear em vasos.

Sementeira após a selecção
O ideal é semear as bolotas o mais rapidamente possível. Contudo, podem ser acondicionadas no frigorífico, num recipiente que permita que “respirem”, para serem semeadas até algumas (poucas) semanas após a colheita. No entanto, devem ser sempre asseguradas condições que mantenham o embrião - no interior da bolota - com humidade adequada. Se o embrião desidratar não germinará.

Semear no campo
As bolotas semeadas no campo ficam sujeitas à predação por aves e mamíferos. Convém, neste caso, colocar 3 bolotas (sem cúpula) em cada cova, a uma profundidade de 2 a 3 vezes o comprimento da semente, e depois de cobertas com terra, calcar o solo que as cobre. Deste modo ficarão menos acessíveis aos predadores e, caso sejam descobertas, talvez alguma do trio escape.

Tenha atenção ao tipo de solo, orientação das encostas, disponibilidade de luz e água no local. Se possível, semei-as num local que replique as condições que existiam no bosque onde as recolheu. Cada espécie de carvalho ocupa um nicho ecológico próprio.

De um modo geral, evite locais demasiado expostos à luz ou com demasiada sombra, locais muito encharcados ou encharcáveis assim como muito secos. Atente à existência de outras árvores que retirem luz ou que, tal como o eucalipto, não permitem o desenvolvimento de outras plantas.
Por fim, analise a zona de sementeira com a seguinte perspectiva – se considerar que será sujeita a agressões tais como o pastoreio, limpeza de mato, entre outros, não avance com a tarefa, pois os pequenos carvalhos que irão germinar serão destruídos antes de apresentarem um porte arbóreo. Se possível, contacte uma entidade pública (câmara municipal, junta de freguesia, parque natural, entre outros) ou um particular que possua um terreno e que esteja interessado na preservação ambiental.

Semear em viveiro

Se semear no chão num local protegido – viveiro – abra covas em fileira, colocando uma bolota por cova, de profundidade 1 a 2 vezes o seu comprimento. Mantenha algum espaço entre elas de modo a que quando se obtiverem pequenas árvores estas possam ser retiradas com a raiz, individualmente, sem interferirem com as outras (espaçadas 15cm entre si). Convém calcar o solo e no Inverno cobrir o local com folhas ou palha para as proteger da geada.

Semear em vasos

A sementeira em vasos permite a germinação das bolotas em qualquer casa. As pequenas plantas crescem e desenvolvem-se junto a nós, o que para muitas pessoas é motivador.
Os vasos poderão ser qualquer tipo de recipiente. Uma garrafa de plástico ou um pacote de leite serve perfeitamente. Convém abrir-se 2 ou 3 pequenos furos na parte inferior para escoar o excesso de água e colocar estes recipientes numa espécie de tabuleiro estanque que funcione como colector.

A sementeira em vasos tem ainda a vantagem de na altura da plantação as pequenas árvores estarem aptas a serem transportadas. Acresce que estes recipientes podem ser mudados de lugar em qualquer altura, o que pode ser necessário na eventualidade de o sítio escolhido inicialmente não se demonstrar o mais adequado.
Nesta modalidade, enche-se cada recipiente com terra até cerca de 5cm do topo, coloca-se 1 bolota, e tapa-se com terra o equivalente ao comprimento da semente. Junte os diversos recipientes num mesmo local – o “bolotário”.

Localização do “bolotário” ou do viveiro
O local do viveiro ou onde se colocam os vasos deverá ter exposição solar, sem ser excessiva (evitar a exposição a Sul), assim como estar protegido contra os ventos dominantes e animais que possam alimentar-se das bolotas ou dos pequenos carvalhos.

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